segunda-feira, 25 de maio de 2009

Diálogo


A: Você é meu companheiro.

B: Hein?

A: Você é meu companheiro, eu disse

B: O quê?

A: Eu disse que você é meu companheiro.

B: O que é que você quer dizer com isso?

A: Eu quero dizer que você é meu companheiro, Só isso.

B: Tem alguma coisa atrás, eu sinto.

A: Não. Não tem nada. Deixa de ser paranóico.

B: Não é disso que estou falando.

A: Você está falando do quê, então?

B: Estou falando disso que você falou agora.

A: Ah, sei. Que eu sou teu companheiro.

B: Não, não foi assim: que eu sou teu companheiro.

A: Você também sente?

B: O quê?

A: Que você é meu companheiro?

B: Não me confunda. Tem alguma coisa atrás, eu sei.

A: Atrás do companheiro?

B: È.

A: Não.

B: Você não sente?

A: Que você é meu companheiro? Sinto, sim. Claro que eu sinto. E você, não?

B: Não. Não é isso. Não é assim.

A: Você não quer que seja isso assim?

B: Não é que eu não queira: é que não é.

A: Não me confunda, por favor, não me confunda. No começo era claro.

B: Agora não?

A: Agora sim. Você quer?

B: O quê?

A: Ser meu companheiro.

B: Ser teu companheiro?

A: È.

B: Companheiro?

A: Sim.

B: Eu não sei. Por favor não me confunda. No começo era claro. Tem alguma coisa atrás, você não vê?

A: eu vejo. Eu quero.

B: O quê?

A: Que você seja meu companheiro.

B: Hein?

A: Eu quero que você seja meu companheiro, eu disse.

B: O quê?

A: Eu disse que eu quero que você seja meu companheiro.

B: Você disse?

A: Eu disse?

B: Não, não foi assim: eu disse.

A: O quê?

B: Você é meu companheiro.

A: Hein?


(ad infinitum)

(In Morangos Mofados)

Nenhum comentário: